Sinceramente, eu esperava muito menos emoções das eleições municipais desse ano em termos de entretenimento. Eu achei que fosse ser como as outras eleições municipais, tudo meio entediante meio parado. Mas o processo eleitoral de 2024 foi muito interessante e me rendeu boas rizadas. Claro que, para os meus amigos que mexem com política profissionalmente, esse processo não foi divertido, pelo contrário, foi um horror em termos de competitividade, estresse e suspiros de ansiedade. Mas eu achei divertido. Até de certo modo me dá um sentimento de pós final de copa do mundo onde você se dá conta que o próximo evento esportivo grande vai demorar dois anos para vir (as olimpíadas). Junto a esse sentimento vem também um sentimento de ressaca.
A política nos dias de hoje é tratada por muitos (eu incluso) como entretenimento. Talvez não deveria ser tratada assim, talvez deveria ser uma discussão séria sobre justiça na políteia como pensava Platão, mas tem como olhar essa imagem abaixo e não achar no mínimo um fato curioso?
Mas seguindo, essa aqui também é muito boa, tem um tom de Edvard Munch:
Agora com o fim da eleição (primeiro turno) as coisas estão, aos poucos, voltando ao normal. A direita, por exemplo, já voltou com as gritarias e os escândalos habituais de sempre, lavando roupa suja em público e passando muita vergonha, mesmo tendo vencido o processo. Mas esse é o normal da direita. Estamos habituados com todo esse caos total ininterrupto desde sempre. Esse caos na direita é normal. Quem não lembra, por exemplo, dessa cena abaixo, onde uma deputada conservadora puxa uma arma de fogo no meio da rua e aponta para cabeça de um homem negro?
Brincadeiras a parte, cabe uma análise um pouco mais séria sobre o processo eleitoral uma vez que ele tem implicações nas eleições de 2026.
A direita viu o centro. Antes tarde do que nunca.
Parece que, finalmente, uma parte da direita brasileira (um pequeno setor) viu o centro. Isso por si só é uma grande vitória para a direita que, até então, via o centrão fisiológico como uma forma de esquerda. Talvez a eleição inteira já tenha servido de algo afinal. Ainda que seja uma pequena parcela da direita que viu o centro, isso é muito importante.
Estamos alertando já de há muito tempo que é impossível governar qualquer reino que seja sem o apoio das oligarquias locais que o compõem, mesmo que o príncipe tenha o apoio da plebe e, por isso, é preciso conciliar com centro. Nesse ponto a teoria das elites e o realismo político está correto. O fato da direita ter finalmente visto o centro é importante pois coloca a direita muito mais próxima da realidade da política nacional (realpolitik) o que possibilita a ela novos meios de ação e interação com atores políticos, que até antes da eleição eram vistos pela direita como inimigos.
Quando você nota o tamanho do centro fica bastante claro porque nós acreditamos que não é possível nesse momento virar a mesa. No nosso entendimento o retorno do bolsonarismo ao poder passa, necessariamente por um acordo com o centro. Se você acha que é possível virar a mesa, veja o tamanho do centrão abaixo, provavelmente você já viu esse gráfico:
(vou falar sobre esse gráfico com calma na versão em vídeo desse artigo.)
Como você vai virar a mesa contra uns caras desse tamanho? Me explique o plano patriota, como você vai fazer isso?
Pense na política brasileira como uma mesa redonda onde as pessoas estão jogando cartas. O direitista que acha que é possível virar a mesa e acabar com o jogo não viu que ele não tem como fazer isso, pois existem uns quantos caras enormes jogando e segurando a mesa (centrão). O que nós propomos é que, diante da impossibilidade de virar a mesa, se jogue o jogo. Mas já falamos sobre essa impossibilidade de virar a mesa em outros episódios, não sejamos repetitivos, há mais assuntos a serem tratados.
Comentários sobre a divisão da direita
Normalmente se pensa que a divisão é algo ruim. Existe inclusive aquele célebre dito latino divide et impera (dividir para governar). Bom, de fato a divisão é algo que pode enfraquecer o grupo e fazer esse grupo ser dominado devido ao seu enfraquecimento. Contudo, é necessário ver que também, não é sempre esse o caso. As coisas não são assim preto no branco onde sempre uma divisão será ruim.
Geralmente a divisão é algo ruim quando vem de fora, quando uma força externa divide um povo. Um exemplo típico é a colonização europeia na África onde as tribos foram propositalmente divididas. Nesse caso a divisão é ruim pois é feita de fora para dentro com o intuito de gerar dominação.
Mas, se a divisão é um processo interno, um processo que surge de dentro de um movimento, ela pode ser (contingência) algo benéfico. Pensemos no cenário de uma tribo que precisa escolher entre plantar vegetais ou criar gado. Não é melhor que se divida a tribo em duas alas e que se faça um pouco das duas coisas para aumentar a chance de sobrevivência da tribo?
Pense no seguinte sentido: se a tribo inteira investir em plantar vegetais e der uma praga nos vegetais a tribo inteira morre. O que não é desejável.
Do mesmo modo, se a tribo inteira investir em gado e der uma praga no gado, a tribo inteira morre também. O que não é desejável.
A melhor chance da tribo sobreviver é dividindo seus esforços para cultivar tanto vegetais como também trabalhar na pecuária.
Muitas vezes na vida a divisão é uma etapa necessária para a sobrevivência e a adaptação de um povo diante das adversidades que se apresentam a eles. Em muitos casos um reino pode se beneficiar de divisões internas que surgem de dentro dele.
Outro modo onde a divisão também é benéfica é no que diz respeito a processos de aprimoramento, de refino. Um exemplo clássico disso é uma peneira para garimpo de ouro.
Para se extrair o ouro é necessário forçar uma divisão dele com relação as pedras comuns. Nesse sentido a divisão agrega valor pois, através dela sairemos mais ricos uma vez que teremos ouro. A mesma coisa vale, se quisermos usar uma passagem bíblica, com relação a separação do joio com o trigo. Essa é uma passagem bastante famosa e interessante, diz Mateus 13:24-30.
(Eu vou explicar melhor ela na versão em vídeo desse artigo)
24 Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O Reino dos céus é semelhante ao homem que semeia boa semente no seu campo; 25 mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou o joio no meio do trigo, e retirou-se. 26 E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio. 27 E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu no teu campo boa semente? Por que tem, então, joio? 28 E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres, pois, que vamos arrancá-lo? 29 Porém ele lhes disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. 30 Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo, ajuntai-o no meu celeiro.
O que essa passagem diz é que é necessário separar o bom do mau e, no caso do joio e do trigo isso é possível de maneira eficaz somente quando a planta já se desenvolveu. Isso pode ser interpretado na direita do seguinte modo.
A direita foi semeada lá em 2013, talvez até antes, e de lá para cá ela veio crescendo, se desenvolvendo. E, agora, somente após o seu desenvolvimento, é possível ver o que é joio (o ruim) e o que é trigo (o bom). É preciso de tempo para separar o joio do trigo pois é necessário que se espere que as plantas cresçam.
Para aqueles que dizem que a divisão entre essa ala da direita mais pé no chão (pragmática) com a direita revolucionária (idealista) cabe também uma outra passagem, em 2 Coríntios 6:14-17:
14 Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? 15 E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?
Que união pode ser feita de uma direita que não quer negociar em nada com ninguém, que só aceita a vitória completa e absoluta de modo inflexível e idealista? Como é possível manter uma união com pessoas assim? Assim como o justo deve ser naturalmente separado do injusto pela contraditoridade de sua natureza, a direita mais pé no chão não tem como se unir com a direita idealista pois são antagônicos. A mesma divisão vale com relação a direita liberal (Paulo Guedes) com a direita nacionalista (Enéas).
Uma questão a se pensar sobre viés
Será que não estamos nessa análise sendo um gordão Ucrânia? O gordão Ucrânia é um senhor que, em seu canal no youtube, costuma dizer que tudo que ocorre de ruim com a direita é, na verdade, uma grande vitória.
A realidade pode, de fato, ser moldada pelo discurso, talvez seja esse o grande poder de um filósofo. Contudo, é preciso entender que existem limites de como a realidade pode ser moldada limite esse estabelecido pela própria realidade.
Será que não estamos vendo a divisão da direita como um grande bem quando na verdade é um grande mau? Será que não estamos pensando sob a ótica do gordão ucrânia e toda essa nossa análise é uma grande coping para um evento que, no fim das contas, é ruim para a direita?
Uma resposta para essa pergunta pode ser pensada, talvez em termos de poder (might makes right). Essa divisão atual dá mais ou menos poder para a direita nacional? Essa divisão dá mais ou menos meios de ação para a direita? Essa divisão amplia ou reduz as possibilidades de vitória da direita?
Se a divisão da direita gerar um aumento do poder da direita através de uma articulação com o centro essa divisão pode ser boa. Mas pode ser que essa articulação faça a direita se perder dentro do centro assim como o PT se perdeu, é complicado. Essa negociação com o centro, conforme já falamos em episódios passados, precisa ser feita com muita cautela.
Talvez o dito português, do tempo ser o senhor da razão, esteja correto. Talvez só no futuro saberemos se essa divisão deu certo ou não. A impressão, meio no instinto, que eu tenho é que essa separação entre duas alas é algo bom, mas eu tenho certeza? Não.
Outro indicador da necessidade de uma direita pragmática é o indicador viralatista. Há pessoas que acreditam que os EUA é parâmetro para o governo do Brasil, que o Brasil é um EUA piorado. Bom, se você tem essa visão viralata (não tenha) cabe aqui apresentar para você o fato de que o próprio governo de Donald Trump tem tido essa mudança nos últimos anos. O governo de Trump hoje é muito mais conciliador com as elites americanas que era no começo de seu governo. Se você tem a visão viralata de que, se os EUA faz algo o Brasil deve fazer também então a direita brasileira deve moderar seu discurso, assim como fez a direita americana.
Falaremos mais sobre o Trump mais a frente.
O saldo final da batalha eleitoral de 2024
Nessa parte do texto analisaremos o que essa batalha por São Paulo rendeu de bom para a direita nacional. Essa foi uma batalha muito intensa e custosa ao bolsonarismo tendo inclusive resultado em baixas, mas teve algo de bom? Teve sim, citemos dois pontos:
1 - A força eleitoral da direita. A direita brasileira demonstrou nessas eleições que eles ainda possuem um grande apelo popular, o que é algo importante. Ainda que a direita tenha tido menos votos que os partidos do centrão somados ela teve muitos votos. Não só isso, é importante ressaltar também, que a direita teve mais votos que os partidos de esquerda. Ainda que nós sabemos que a representatividade popular não é o suficiente para se adquirir poder a representatividade tem sim algum poder.
Por exemplo, pense em um cenário hipotético onde o PL tivesse tido o desempenho eleitoral do PT e o PT tivesse tido o desempenho eleitoral do PL. Provavelmente desse cenário seria feita a leitura de que o bolsonarismo e a direita acabou e uma boa parcela da direita, incluindo o Bolsonaro, seria preso. A razão pelo qual a direita ainda não foi cem por cento exterminada é porque ela tem representatividade popular.
Veja esse gráfico, que indica o declínio da esquerda nacional:
É muito mais barato, em termos de custo político, eliminar um adversário impopular do que um adversário popular. O fato da direita se manter no topo em termos de popularidade, em relação a esquerda, dará uma sobrevida de pelo menos mais dois anos para a direita brasileira em tempos de adversidade. Uma vez que os custos políticos de eliminar um adversário popular é um custo muito alto.
Isso por si só é uma vitória da direita em termos estratégicos pois assim a direita ganha fôlego para seguir batalhando até 2026. Se a direita tivesse tido um desempenho pífio nas eleições municipais a situação da direita seria imensamente mais difícil.
2 - O ganho político da palavra. Outro ponto bastante importante resultante das eleições de 2024 é que Bolsonaro se mostrou como alguém confiável, que cumpre a sua palavra com relação aos acordos políticos. Cumprir a palavra é um asset (valor positivo) dentro da política uma vez que a negociação política é composta majoritariamente de acordos informais. Acordo informal no sentido de que não é como um acordo passado e registrado em cartório. Quando um político se mostra alguém de palavra isso aumenta a confiança de outro políticos nele e, reduz a instabilidade política natural gerada pela tensão advinda dos acordos informais.
A eleição de 2024 deixou bastante claro a todos, incluindo ao centrão, que Nunes só foi para o segundo turno porque Bolsonaro manteve sua palavra e o apoiou. Pense em um cenário hipotético onde Bolsonaro tivesse metido o louco e apoiado o candidato Pablo Marçal. Nesse cenário, podemos afirmar sem medo de errar, que Nunes não teria ido para o segundo turno. Para deixar bem claro: Nunes só está no segundo turno porque Bolsonaro não fez campanha contra ele e nem apoiou Marçal.
A diferença de votos entre o Nunes e o Marçal foi tão pequena, mas tão pequena que, se Bolsonaro tivesse pedido aos bolsonaristas, para votarem no Marçal isso seria suficiente para levar Marçal ao segundo turno. Ainda que Bolsonaro não controle toda a direita nacional ele controla uma parcela grande e, se essa parcela seria mais do que o suficiente para tirar Nunes do segundo turno. A diferença de Nunes e Marçal foi de apenas 55 mil votos em uma cidade com 9 milhões de eleitores.
Você vai tentar me convencer que Bolsonaro não teria conseguido virar 55 mil votos em uma cidade com 9 milhões de votos? Sejamos realistas, Nunes deve sua ida ao segundo turno à palavra de Bolsonaro que o apoiaria.
Claro que Nunes e o partido dele jamais admitirão isso publicamente pois, admitir esse fato resultaria em um reconhecimento de fraqueza deles e mostraria a dependência deles com relação ao Bolsonaro mas, no fundo, eles sabem o porquê eles estão no segundo turno e não o Marçal.
Se a política é formada de acordos informais pode-se dizer que a vitória de Nunes devido ao apoio de Bolsonaro é uma verdade informal. Verdade informal no sentido de que é uma verdade que nunca será dita e reconhecida oficialmente pela chapa de Nunes mas, todo mundo sabe, até a esquerda, que é verdade.
Como isso tudo pode ser capitalizado pela direita?
É preciso que a direita pense nessa resposta olhando para 2026. O fato da direita ainda ter força política e o fato do Bolsonaro ter se mostrado como alguém que mantém a sua palavra pode ser interessante no plano de montagem do governo de 2026 em 2024.
Um grande erro da direita como um todo é pensar que os ministérios devem ser escolhidos depois que o presidente for eleito, isso é falso. Na verdade não é só falso, é precisamente o contrário.
As pessoas pensam que: primeiro você ganha e depois escolhe quem vai compor o governo mas, na verdade, primeiro você escolhe quem vai compor o governo e, se o governo for bem composto você, como consequência, você ganha. No sentido de que, se tudo for bem articulado, a caixa mágica dará o resultado que você quiser que ela dê. Lembre-se daquilo que sempre dizemos, quem ganha as eleições é quem é declarado vencedor. Esse tópico, infelizmente, não é possível de ser desenvolvido em maior profundidade no presente momento histórico.
Sigamos.
O fato de Bolsonaro ainda ser muito popular e, o fato de ele ser alguém que cumpre a palavra, pode ser algo interessante para pré montar agora, em 2024, o governo de 2026.
O centro sabe que a direita tem votos e sabe que, através de coligações eles podem ganhar muito com a direita em termos de fazer deputados, senadores e governadores. A eleição de Nunes deixou isso bem claro, a direita ainda tem muita força. Claro que, conforme eu disse, isso é uma verdade que nunca será admitida publicamente por eles, mas eles sabem.
Seria interessante que os estrategistas do bolsonarismo começassem já hoje a montar coligações para as eleições de 2026 aproveitando do capital político que as eleições municipais mostraram.
Junto a isso, o fato de Bolsonaro ter-se apresentado como alguém que mantem a sua palavra pode ser usado positivamente pela direita para fazer acordos informais de composição do governo de 2026 com o intuito de trazer alguns partidos de centro para o governo da direita.
É preciso que a direita entenda que ela não precisa de todo o centrão, o que ela precisa é tirar uma parte do centrão do governo do PT para trazer para eles e, isso é possível através desses acordos informais. É preciso mostrar ao centro que, se esses acordos forem feitos, eles serão cumpridos pela direita assim como foi cumprido o acordo para a prefeitura de São Paulo.
Questões em aberto
Talvez você leitor tenha chegado até aqui e pensado uma coisa sobre esses acordos informais. Talvez você tenha pensado: “Homero, de nada adianta o Bolsonaro cumprir os acordos se o centrão não os cumpre do lado de lá. A direita que faz acordos com o centrão está fadada a ser corna. Refutado.”
De fato, querido ouvinte, sua preocupação é legítima. O centro já se mostrou um traidor em inúmeros momentos da história do Brasil. Foi assim na queda da Dilma, foi assim no acordo de Moraes com Bolsonaro intermediado com o Temer etc.
O histórico do centrão de cumprir acordos é muito instável e, existe um risco grande de esse tipo de acordo ser feito e não ser cumprido, é verdade você está correto em sua crítica ouvinte. Contudo, isso é justamente a natureza de um acordo informal. Esse é o risco normal do agir político. Pense no seguinte: qual é a alternativa a escolher fazer esses acordos?
A alternativa é você não fazer acordos. Para você não ser traído é só não fazer acordos, simples assim.
Agora, fica a pergunta: é possível voltar ao poder sem fazer acordos com o centro? Aqui novamente voltamos a questão central da discussão dessas duas alas da direita. Particularmente, eu acredito que não e, por isso, deve-se correr o risco mesmo sabendo que pode dar errado.
Contudo, estou aberto a críticas e, caso o leitor tenha uma solução para a direita, que não passe por fazer acordos com o centrão, eu adoraria ouvir sua opinião. Se você tiver alguma ideia melhor, deixe nos comentários que tenho interesse em saber.
Outra questão em aberto é a carta Trump.
Ainda que não se saiba ao certo se Trump irá vencer (acreditamos que sim) é importante teorizar sobre o impacto que a eleição de Trump pode resultar para o Brasil.
Nos parece claro que, tanto o PT quanto o centrão estão se preparando já há pelo menos um ano para uma possível vitória de Trump. Ainda que não tenhamos detalhes sobre essa preparação pois é algo secreto, nós acreditamos que eles estão tentando reduzir danos e desestabilizações eventuais que possam prejudicar o exercício deles no controle do Brasil, em uma eventual vitória de Trump.
Talvez haja, por baixo dos panos, uma articulação secreta com os BRICS justamente para isso. Eu digo isso porque se, eu fosse alguém no controle do PT, eu provavelmente faria isso. Para ser sincero, se eu fosse alguém no controle do PT provavelmente eu já estaria pensando em estratégias contra o Trump desde 2022.
Muitas pessoas da direita estão esperando Trump voltar para pressionar e salvar o Brasil. Voltando a analogia do jogo de cartas eles estão e esperando a carta Trump para vencer o jogo, mas talvez o adversário já tenha alguma carta para bloquear a carta Trump, que é a carta BRICS.
A vitória de Trump é sim uma grande oportunidade pois ela pode aumentar a pressão internacional sobre as oligarquias locais do Brasil, o que pode ajudar a tirar o centrão da mão do PT. Contudo, a pressão feita por Trump no Brasil precisa ser algo feito de um modo muito cuidadoso para evitar a reação dura que pode vir do outro lado.
Não acreditamos que Trump irá destruir o centro brasileiro mas, ele pode ser uma força importante para trazer algumas parcelas do centrão para o lado da direita. Conforme dissemos, a direita não precisa de todo o centro, precisa só de uma parte dele.
O que o Trump pode ajudar é fazer a direita ser mais atrativa para o centrão do que a esquerda. Se o centrão perceber que a esquerda está afundando e que não há futuro com a esquerda eles (o centrão) podem rapidamente mudar de lado em nome de sua sobrevivência. Some o governo trump + popularidade da direita + palavra do Bolsonaro + uma direita que não quer destruir o centro e tem-se o = PT fora do jogo.
Mas enfim, essa questão da carta trump é um assunto altamente complexo e incerto. Já tratamos desse assunto várias vezes em múltiplos episódios e, certamente trataremos novamente, principalmente se ele vencer. Esse texto já está muito grande, tchau.
A grande disputa entre o partido da teologia da libertação(PT)e o produto da teologia da prosperidade(Bolsocrentes). Resta saber se algum dia o catolicismo voltará, talvez nunca esteve aqui. Um país de 500 anos, talvez mais de 1 bilhão de pessoas, mas nenhuma canonização.
Desculpa pela Blackpill.
Tudo bom contigo Homero? Um abraço. Acredito que você não está errado no que tange a ideia de fazer acordos informais, mas e depois? Como a direita vai caminhar, se seguirmos por esse caminho, algum dia vamos nos libertar das correntes que nos prendem?