Resumo: Nesse artigo faremos uma análise da atual conjuntura do Brasil no primeiro semestre de 2025. O artigo fala sobre a estratégia de comunicação do governo, a diminuição da censura, o futuro do lulismo e um pouco sobre a atual situação do nacionalismo brasileiro. Como de costume e, conforme o esperado, o Brasil está um caos completo, muita gritaria, bateção de cabeça, gente se debatendo e um apontando o dedo para outro. Tudo dentro da normalidade.
1 - A nova estratégia de comunicação do governo
O governo tentou mudar a estratégia de comunicação com o povo, o que é em si uma boa ideia. O governo se comunicar mais com o povo passa mais confiança a todos o que, em teoria, ajuda o governo a ser mais bem visto pela população o que diminui o custo de governança1.
Contudo, ainda que a ideia tenha sido boa por parte do governo, sua execução foi desastrosa. Mais ou menos como foi a primeira edição do CPNU. Não adianta só ter boas ideias, é preciso conseguir executá-las. O maior problema que causou esse desastre da comunicação está no fato de que foi deixado o presidente falar o que veio na cabeça dele, sem qualquer tipo de roteiro.
A comunicação precisaria ter sido feita de um modo roteirizado escrito por um ou mais escritores muito talentosos com esse tipo de texto. Um exemplo de uma boa comunicação roteirizada que soa muito natural são as falas de Mark Zuckerberg.
[Nota para mim mesmo: comentar esse vídeo na versão em vídeo desse artigo]
Junto com as falas não roteirizadas (ou pelo menos não revisadas por uma equipe) está o fato de que o marketing do governo (secon) foi mudada de um modo que também não deu certo. Perfis de instituições sérias como o BACEN foram tomadas por memes e isso acabou por ridicularizar as instituições que precisam de uma imagem de seriedade para operar dentro da normalidade. Nesse sentido, uma imagem de seriedade institucional é muito importante.
É sempre importante lembrar que aparência de poder é também uma forma de poder uma vez que o poder, em muitos casos, possui uma natureza social.
2 - A oportunidade perdida.
A estratégia do governo de censurar e prender os opositores políticos também não deu cem por cento certo. Em alguns casos essa estratégia até que funcionou, mas a percepção que temos é que essa estratégia foi muito menos intensa do que o necessário para manter o controle dos opositores. A oportunidade política dos atos de 8/1 (sendo um inside job ou não) foi mau aproveitada pois deveria ter sido melhor usada para criar mecanismos de controle informacional.
Em 2025 os meios de ação das forças repressivas e censuradoras do sistema foram dirimidos de um modo que tudo indica que as coisas ficarão cada vez mais fáceis para os opositores do regime, o que é um grande problema para o regime. Assim como a estratégia de comunicação do governo foi mau executada a estratégia de aumentar o controle informacional também foi.
Podemos especular que, talvez, a falha dessa implementação tenha se dado porque muito do sistema de repressão informacional foi direcionado à pessoas irrelevantes politicamente como Allan do Santos (“eu sou homem, porra”) e Monark (“já começou!!”). Talvez se os esforços tivessem sido direcionados para outros alvos teríamos no Brasil um sistema de controle informacional muito maior. A oportunidade foi perdida.
Aprendam com os alemães: se for para instaurar um estado de exceção monte um sistema racional e impessoal.
3 - A falta de alternativa ao Lulismo.
A esquerda nacional é refém do Lula. Todas as tentativas de se criar alternativas a ele dentro do campo da esquerda falharam. Todos os partidos políticos de esquerda estão de um modo ou de outro subordinados ao Lulismo incluindo PCdoB, PSol, PDT e até mesmo o próprio PT. De um certo modo a esquerda nacional, guardadas as devidas proporções, está em um cenário similar ao cenário que antecedeu a morte de Alexandre, o grande, da macedônia.
Ninguém sabe o que acontecerá depois do que todos sabem que irá acontecer.
De um modo mais simples: todos sabem que Lula morrerá em breve (politicamente falando) entretanto ninguém sabe o que vai acontecer com a esquerda depois que ele morrer. No caso de Alexandre o grande o império se fragmentou em múltiplos pequenos reinos e talvez seja esse o futuro pós-Lula. Talvez tenhamos diversas facções da esquerda brigando entre si para tentar, em vão, restaurar o império personalista, assim como aconteceu com Alexandre.
Junto a tudo isso tem também o fato recente de que a popularidade do presidente despencou segundo recentes pesquisas. Essa queda de popularidade tem sido mostrada inclusive em pesquisas de institutos que geralmente são favoráveis a esquerda em suas pesquisas. Aqui devemos ressaltar o fato de que não acreditamos em nenhuma pesquisa eleitoral, pois já foi provado empiricamente que elas possuem grandes índices de erros e não são confiáveis. Quem não lembra dos erros de 15 pontos percentuais favoráveis à esquerda nas pesquisas da eleição de 2022?
O que nos chama a atenção no caso das pesquisas é que elas despertam em nós o questionamento: por que foi mostrado que o governo é impopular só agora? Agora elas descobriram que o governo é impopular? Será que agora elas encontraram uma metodologia correta? Obviamente que não. Mas agora elas decidiram mostrar o que todo mundo já sabe... por quê?
Ademais, por alguma razão, também por nós desconhecida, a grande mídia passou a fazer críticas abertas ao governo do PT que, até ontem para eles, era um governo excelente. Tem algo mudando na grande mídia e nos seus institutos de pesquisa.
Os grandes tubarões do centrão, por sua vez, sabe que existe sangue na água, especialmente agora que se especula de um possível impedimento do governo Lula, que dificilmente acontecerá pois nothing ever happens. Mas mesmo que não aconteça o mero fato de se cogitar que isso possa acontecer já liga o alerta a todo centro, já mostra a fraqueza do governo. O centrão tem pessoas muito boas em farejar sangue na água e, de agora em diante, as coisas tendem a ficar ainda mais difíceis para o governo.
Se por um lado a aparência de poder aumenta o poder do governante a aparência de fraqueza atua de modo contrário, diminuindo o poder do governante.

Tem também uma outra questão, bem mais especulativa: e se as Big Techs estão manipulando algoritmos secretamente para ocultar os bons feitos do governo Lula e mostrar bastante os erros e os vídeos de críticos do governo? E se está em curso uma operação de guerra informacional? Isso explicaria a queda na popularidade refletida nas pesquisas. Mas enfim, isso é só uma especulação. É mais um daqueles cenários onde eu penso que isso poderia estar acontecendo porque se eu estivesse no controle da CIA eu faria isso.
4 - A lenta volta do nacionalismo?
A medida que o processo de desglobalização no mundo for avançando é natural que ter-se-á no Brasil (e no mundo) um aumento significativo dos nacionalismos. Já estamos prevendo essa tendência desde 2017 (eu avisei!) quando começamos nossos estudos sobre Adriano Benayon. A obra Globalização Vs Desenvolvimento foi bastante esclarecedora naquela época sendo uma boa previsão do que estava por vir nas próximas décadas.
No Brasil de 2025 o processo de ascensão dos nacionalismos está começando a ganhar força no debate público nacional. Infelizmente tanto na esquerda quanto na direita essa pauta ainda se apresenta de um modo extremamente cringe bluepill beta não estoico e intankável.
A esquerda petista apresenta o seu nacionalismo através de uma perspectiva hipócrita uma vez que, até uns meses atrás, afirmava e facilitava o trabalho de mecanismos alienígenas, transnacionais, de controle territorial indireto atlantista (ONGs). Esse nacionalismo de esquerda começou a surgir dentro do petismo de forma tímida recentemente, mas se manifesta já há algum tempo nas figuras do pedetista Ciro Gomes e do “ex” comunista Aldo Rebelo.
Já o nacionalismo de direita, também com indícios de crescimento no Brasil, é igualmente lamentável.
Um grande problema da direita nacional é que ela é muito frágil ao vírus do americanismo. O americanismo, como todos sabem, é uma prática condenada pela igreja católica desde 18892. A direita brasileira não apresenta muita resistência ao americanismo, muito pelo contrário, ela é extremamente receptiva e, em muitos casos, é comum ver influenciadores de direita defendendo que o Brasil seja entregue aos EUA, assim como é possível ver influenciadores pedindo sansões americanas contra o Brasil.
Inclusive o próprio Jair Bolsonaro recentemente disse que, se eleito, irá tirar o Brasil dos BRICS3. Essa é uma fala lamentável e irresponsável por parte do Bolsonaro e só reforça o fato de que a direita nacional não possui anticorpos ao vírus do americanismo. Pelo menos não a maior parte dela.
O nacionalismo brasileiro caminha a passos lentos e problemáticos tanto na esquerda quanto na direita, mas pelo menos caminha. Antigamente, há uns dez/vinte anos atrás essa pauta era totalmente desconhecida. Nesse sentido, as coisas parecem estar melhorando para o nacionalismo.
O estado atual do Brasil em 2025
Em resumo:
A estratégia de marketing do governo é desastrosa: a tentativa de se comunicar melhor com o povo acabou por piorar ainda mais a comunicação do governo com o povo devido a má execução de uma boa ideia.
A estratégia de censura de opositores políticos perdeu força: em 2025 os níveis de censura e perseguição caíram e possuem tendência de queda não só em 2025 como em 2026. A oportunidade de instauração do totalitarismo democrático passou e dificilmente voltará antes de 2029.
O lulismo está saindo de cena. Lentamente e se debatendo o lulopetismo está sendo empurrado para o cemitério das elites. Existe algumas possibilidade de recuperação mas está muito difícil e eles não parecem capazes de dar a volta por cima mais uma vez.
Tendências:
O nacionalismo está voltando. O nacionalismo lentamente está voltando tanto na esquerda quanto na direita, contudo ele está voltando de um modo muito tímido e muito ruim tanto na direita quanto na esquerda. Ainda tanto a esquerda quanto a direita brasileira estão cheias de entreguistas. É lamentável ter que dizer isso mas a verdade precisa ser dita.
Máquina de controle informacional em queda. Os mecanismos de censura estão tirando um pouco o pé com relação a intensidade da sua ação. O Brasil apresenta tendência a aumento da liberdade de expressão nos próximos anos, porém controlada pelas Big Techs e seus algoritmos.
Por hoje é isso.
Fique com uma gif aleatório de Bladerunner, que pode ou não ser um spoiler sobre o próximo episódio…
Esse assunto já foi falado várias vezes aqui no Substack, mas em resumo: governabilidade tem a ver com percepção geral de legitimidade de um governo sob o seu povo. Quanto maior a governabilidade mais fácil é de exercer a governança. A governança é o movimentar da máquina pública. É quase como se o governante fosse um homem tentando mover uma grande engrenagem (governança). A governabilidade seria quase como fosse uma graxa que permite que a máquina se mova com menos esforço por parte do governante.
Na carta apostólica Testem Benevolentiae, do Papa Leão XIII.
https://www.band.uol.com.br/bandnews-fm/noticias/monica-bergamo-ameaca-bolsonaro-brasil-brics-apreensao-202502100904
Tá proibido falar Bostil? Merdil? Favelil? Bestil? Macaquil? Funkzil? Lulazil? Nóiazil? Judeuzil?
Eu acho muito difícil o Nacionalismo de fato florescer no Brasil por causa que os brasileiros em sua grande maioria possuem uma noção cultural de si mesmos como cosmopolitas; oque é irônico já que no dia a dia, o cidadão br médio não consegue se dar bem nem com o vizinho. Para ter um nacionalismo é preciso que o povo possua um senso de empatia para com o próximo e um senso de pertencimento. Religião? Todas fragmentadas em múltiplas seitas, e dentro da católica é um show de ego para ver quem leu mais santos que o outro. Raça?(ou etnia, como preferir) não preciso nem comentar, quando a moça sulista foi atacada por suas raízes germânicas, deu pra notar o quão complexado o brasileiro é com isso, por mais que tente disfarçar. Até mesmo a tal cultura Afro Brasileira é uma piada. Eles tem uma religião satânica inventada por um português que é em sua maioria praticada por pessoas brancas do Rio Grande do Sul, e seus membros são todos miscigenados mas agem como Eugenistas(Mas eles podem porque é Eugenismo do bem). Cultura e sensação de pertencimento? Deixo aqui o comentário do meu amigo de SP sobre esse assunto que estava conversando com ele sobre:
"De novo vem SP capital a minha mente, é o lugar em que as pessoas mais possuem essa mentalidade de estar em um lugar com caráter transitório (Quem nasceu lá sonha em ir embora logo, quem se muda pra lá já está planejando sua saída, até quem transita na cidade pra comprar alguma coisa ou fazer algum negócio tem em mente que logo vai deixar a cidade), as próprias rodovias são pensadas pra fazer você sair logo de lá...NENHUM apreço nem consideração pelo lugar que está, ela é considerada um lugar transitório, e lugares transitórios não são dignos de cuidado e atenção"
No geral, ninguém tem senso de pertencimento, é muito fácil dizer que ama o Rio Grande vivendo em Santa Catarina, que ama o Nordeste vivendo em São Paulo, ou até mesmo dizer que ama o Brasil vivendo fora dele. Por isso que aqui vemos o Nacional-Entreguismo, ou pros EUA ou pra China. Já que o Brasileiro não consegue, não quer, ou tem raiva de quem consegue, pertencer e ser dono de si mesmos, eles preferem pertencer a outra nação.