[DISCLAIMER: O presente texto é uma mera ficção cujo único objetivo é gerar o entretenimento e a comédia. As opiniões contidas nesse texto não necessariamente refletem as ideias do autor do texto e, todos os nomes citados são fictícios não remetendo a pessoas e entidades reais. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.]
No episódio passado: Você acorda do coma no Brasil de 2049. Newman instaurou um regime tecno cesarista viking no Brasil agora intitulado: República Popular Democrática do Newman. Nesse futuro a população é forçada a fazer testes periódicos de Q.I. Você tirou 100 pontos, o mínimo aceitável. Newman garante a você uma ajudante robô hyperealista chamada Greta Thinberg. Você a encontra ao chegar no seu apartamento.
“Greta? Greta Thinberg? Você é a minha ajudante?” Você pergunta surpreso.
“Sim, eu estava na sacada esperando ver o seu carro chegar, mas acho que o perdi. Entre, venha, fique a vontade.” Greta se aproxima e o ajuda a tirar o casaco. Você senta-se no sofá enquanto ela vai pendurar seu casaco no quarto.
Seu apartamento é minimalista, com poucos móveis mas tudo muito bem organizado. Não há excessos, tudo é muito simples mas com um grande grau de refinamento e de muito bom gosto. É um apartamento muito similar ao apartamento de Patrick Bateman do filme American Psycho, só que futurista.
“Foi bem de viagem?” Greta pergunta enquanto volta do quarto.
“Eu nem vi nada, eu dormi.”
Greta senta-se em um banquinho próximo ao sofá e olha para você. Ela leva as mãos ao queixo e olha com uma felicidade no olhar por você ter chegado. Você, contudo, fica em silêncio, meio constrangido.
“Foi um dia em…” Diz greta olhando nos seus olhos com uma expressão de admiração. Você responde, com uma pergunta.
“Você é um robô mesmo? Você parece a Greta de verdade.”
“Sim eu sou um robô, sou um modelo JOI-2049.13.e. O “e” é de exótica e o 13 é por causa do meu sistema operacional, que é o Chat-GPT 13. É o mais avançado software de inteligência artificial.”
Você olha para Greta e fica surpreso de como ela parece uma pessoa real.
“Você parece a Greta de verdade, que loucura. O robô da enfermeira do hospital dava para ver que era um robô mas você… você realmente parece real…” Você olha incrédulo.
Greta em tom empático diz.
“Olha meu querido, eu sei que as coisas tem sido difíceis para você. Acordar do coma com tudo diferente… em 2049. Não deve ser algo fácil.”
“É uma loucura.” Você completa.
“Não se preocupe, eu vou te ajudar a se ajeitar nessa nova vida… você precisa de alguma coisa?”
“Olha…sei lá Greta… eu preciso dormir, está tarde já.”
“Claro, sem problemas, vamos eu te mostro o quarto!”
Greta se levanta e caminha em direção ao quarto. Ao chegar ela aponta e diz:
“É aqui que você vai dormir.”
Você olha para o quarto e vê uma grande cama de casal. O quarto segue o estilo elegante e minimalista do resto do apartamento. Você pergunta a Greta.
“Você pode me acordar mais ou menos cedo amanhã?”
“Claro que sim, eu programo um despertador, vamos dormir então…”
Você olha com um olhar de estranhismo.
"Como assim vamos?”
Greta te olha com um ar de normalidade, ela responde.
“Ué, nós somos um casal agora. Casais dormem juntos. Vem, vamos dormir.” Greta termina a frase te puxando pela mão rumo à cama. Você a interrompe.
“É o que???!” Você arregala os olhos surpreso. Greta responde.
“Uma das minhas funções é te fazer companhia… todos os tipos de companhia…” Greta termina a frase em um tom meio se insinuando. Você, por outro lado, responde assustado.
“Olha só moça, não me leve a mal… mas… mas eu não posso comer um robô.”
Você termina a frase e instantaneamente se dá conta que essa é uma frase absurda que você nunca tinha pensado que iria algum dia falar na vida. Surpreso com o absurdo, você repete a frase.
“Eu não posso comer um robô.” Greta responde.
“Ué… e porque não? Eu fui programada para isso também. Inclusive eu fui programada para gostar do meu trabalho… vai ser divertido para nós dois vem… qual é o problema?”
Você fica meio envergonhado e diz.
“O problema é que você é um robô, eu não posso comer um robô. Além disso ser uma forma de satanismo eu não quero terminar assim que nem os masculinistas redpill e mgtows, botando o meu pau num monte de borracha e plástico sem vida.”
Greta olha para você ofendida.
“Nossa, que grosseiro. Também não precisava jogar na cara assim. Eu tenho sentimentos.”
“Olha, desculpe moça, a intenção não é ofender… é preciso só que você entenda que eu estou com sono… e eu preciso dormir… sozinho.”
Greta volta com o olhar empático e compreensivo, ela diz.
“Bom, tudo bem, talvez eu esteja apressando demais as coisas mas é que eu olhei para você e gostei bastante de sua pessoa… eu sei que o mundo novo ainda é bastante estranho para você… eu compreendo, também não quero ser abusiva. Mas viu, eu tenho uma pergunta.”
“O que foi Greta?”
“Você disse satanismo… o que é isso? Essa palavra não consta no meu banco de dados… você tem certeza que essa palavra existe?”
“Sim, existe… essa palavra existe, posso te falar dela amanhã? Eu estou cansado.”
“Claro que sim… amanhã conversamos. Mas só mais uma coisinha… eu vou dormir aonde? Esse apartamento tem uma cama de casal só. Você não quer que eu durma com você… vou dormir aonde?”
“Bom… sei lá Greta, você pode dormir no sofá, não?”
“O sofá? Não dá para eu dormir na mesma cama que você? Do seu lado mas comportadinha? Eu prometo não incomodar…”
Você olha para Greta e, balançando a cabeça negativamente, diz.
“Olha… com essa camisola curtinha de seda não vai dar não. Sem condições. Vá dormir no sofá.” Você termina a frase apontando o sofá.
Greta faz uma expressão de desgosto ao responder.
“Tá bom, tá bom… eu vou pegar umas cobertas para mim e vou dormir lá hoje. Mas vença logo esse seu preconceito com robôs… Vem, me ajude com essas cobertas.”
Você pega umas cobertas e um travesseiro e leva para a sala, Greta deita, se cobre e dorme. Ela dorme quase como se tivesse apagado, desligado. Você entra no quarto, encosta a porta e pensa.
“Meu Deus do céu, tem um robô querendo dar para mim. Isso não está certo.”
Por via de dúvidas, você tranca a porta.
[NO OUTRO DIA]
Um despertador toca no criado mudo ao lado de sua cama. Zonzo ainda acordando, você inconscientemente leva a mão ao despertador e percebe que ele não tem botões. Você levanta da cama e pega o despertador com as mãos e, se dá conta que precisa responder um captcha com touch screen para ele parar de tocar. É um captcha pedindo para você identificar em nove fotos, todas as que possuam navios vikings.
Você marca o captcha e o despertador para de tocar. Sentado na cama, você larga um bocejo enquanto coça o cabelo. Após se sentir mais acordado, você se levanta, destranca a porta e sai em direção ao banheiro. Ao chegar no banheiro você percebe que até o banheiro do futuro era diferente. No lugar do vaso sanitário, você vê três conchas. Você diz a si mesmo:
“A é mesmo, eu estou no futuro… eles usam as três conchas no futuro…”
Você vê que a pia pelo menos funciona e decide lavar o rosto. Ao aproximar a mão da torneira ela começa a soltar água. O espelho, ao refletir a sua imagem coloca dados estatísticos na tela, relativo a quantidade de germes que você possivelmente ainda tem no rosto. Infelizmente você não entende nada pois tudo está escrito em linguagem islandesa.
Depois de lavar o rosto de um modo que você julga satisfatório você vai até a sala, Greta não está dormindo no sofá. Mas, você vê ela dançando feliz na cozinha enquanto prepara o café da manhã para vocês dois. Ela está ouvindo a música Garota de Ipanema, adaptada à linguagem nórdica. Ao te ver, ela fica feliz e diz animada.
“Olá, que bom que já acordou, eu não tinha te visto meu querido, estou preparando nosso café da manhã.”
Ela diz alguma coisa em voz alta em islandês e a música diminui o volume.
“Eu estava ouvindo um pouco da música: a Garota de Svartalfheim. Eu gosto muito dessa música. Ela é inspirada em uma música da RPDN da sua época não é?”
“Hã… acho que sim? A melodia é parecida pelo menos.”
Fica um momento de silêncio entre vocês enquanto a música toca baixinho, você se concentra para entender a letra mas não entende nada. Eis que você pergunta.
“Viu Greta, tem como chamar a RPDN de Brasil? Eu estou mais acostumado com esse termo. É estranho falar república popular democrática do Newman.”
“Mas Brasil é o nome arcaico da nossa terra, já está em desuso fazem anos. Todo mundo fala RPDN.”
“É mas eu prefiro Brasil. Pode ser?”
“Claro que pode, eu sou sua ajudante, fui programada para obedecer você. Se você prefere Brasil, tudo bem. Chamarei de Brasil daqui por diante. Anotado.”
“Mais uma coisa Greta… você pode me dizer como que usam as três conchas?”
Greta ri de você envergonhada.
“Ai ai, é mesmo. Na sua época se usava um papel enrolado kkkkkk”
“Você pode me dizer, por favor?” Você pergunta novamente, constrangido.
“Não precisa pedir por favor, apesar de que eu gosto de homens educados. Conforme eu disse, eu fui programada para te obedecer. Para usar as três conchas você precisa…”
HABILIDADE APRENDIDA: agora você sabe usar as três conchas.
“Ahhhh tá. Viu, eu vou lá no banheiro. Depois eu volto.
“Claro, eu vou arrumando a mesa para nós dois.”
Você vai ao banheiro usar as três conchas e enquanto isso Greta vai trazendo os pratos para o café da manha.
[Um breve momento mais tarde]
Você senta-se a mesa. Greta está meio ansiosa, ela diz.
“Eu tentei preparar tudo do melhor modo que eu sabia, espero que você goste.”
Você olha para a mesa e vê: dois pratos com uma torrada de presunto e queijo cada, um pratinho menor com alguns pães de queijo recém feitos, dois pratos com um pedaço de bolo marta rocha cada. Você também vê duas xicaras de café vazias, dois bules e um açucareiro. Toda a louça é de cerâmica branca trabalhada com motivos vikings. Você olha para aquilo tudo e desconfia. Greta diz.
“Eu não fiz o seu café pois eu não sei se você gosta com mais café ou mais leite. Esse bule aqui é café, diz Kaffi, em islandês e esse aqui é o Leite, que se diz Mjólk. Aqui é o açucareiro, que se fala Sykur Skál.”
“Tem algo estranho nesse café da manhã…” Você diz baixinho a si mesmo, Greta escuta.
“O que foi? Você não gosta de Kaffi? eu posso fazer um chá.” Greta termina a frase preocupada já se levantando para ir fazer o chá para você. Você intervém e diz.
“Não, não é isso, eu gosto de café. Pode ficar.” Greta se senta confusa. Curiosa, ela pergunta.
“O que foi então meu bem?”
Depois de coçar a barba de modo questionador, você diz.
“Sabe de uma coisa… eu sempre achei que no futuro a comida fosse ser ruim. Tanto no filme Matrix quanto no filme Bladerunner a comida do futuro era uma pasta cinza bem sem graça. Mas aqui está tudo perfeito. Também na minha época tinha-se a ideia que iríamos comer insetos no futuro… o que aconteceu? Isso é comida de verdade mesmo?”
Você pega a torrada na mão e olha dentro, quase como se estivesse procurando um inseto. Contudo, você não acha nada. Ao levantar a torrada você vê na cerâmica da louça dois machados vikings cruzados um sobre o outro. Greta responde.
“Bom, o futuro está correto, de acordo com os filmes. Contudo não no nosso caso em específico. Newman decidiu que alimentação com insetos e com a gosma cinza sem gosto será dada somente a pessoas com Q.I. abaixo de 100. As pessoas com Q.I. mais alto precisam ser mais bem nutridas para desenvolver melhor o cérebro. Por isso, essa comida aqui na nossa frente é de verdade. Não só é de verdade como é também orgânica.” Greta come um pãozinho de queijo e faz uma expressão que deixa transparecer que o pão de queijo está delicioso.
“É orgânica?” Você questiona.
Depois de mastigar e engolir a comida, ela responde.
“Sim, com a grande maioria da população sendo alimentada com insetos e com a gosma cinza sem gosto sobram mais áreas para cultivar alimentos orgânicos. Newman baniu os agrotóxicos do Brasil. Cem por cento da população de Q.I. superior a cem se alimenta com alimentos orgânicos.”
Ainda muito desconfiado com a explicação você dá uma pequena mordida na torrada. Para a sua surpresa, ela está deliciosa. Ao servir o café você também nota que o café está muito bom, muito melhor que todos os cafés que você já havia tomado na vida.
Greta vê que você gostou do café e abre um disfarçado sorriso de felicidade por ter feito um bom café da manhã. Ela diz:
“Esse café é um café de classe selecionada. No passado os melhores cafés do Brasil iam para a Europa. Já hoje em dia não, hoje em dia os melhores cafés ficam no Brasil. O café também, obviamente, é orgânico. Livre de agrotóxicos.”
Você vai comendo a comida e vai conversando com a Greta.
“Viu greta… eu tenho uma pergunta…”
Greta te interrompe perguntando:
“Posso dizer uma coisa antes?”
“Vá lá, diga.” Você termina a frase e come um pão de queijo delicioso. Greta diz.
“Sobre ontem a noite… eu acho que talvez eu tenha me precipitado um pouco sabe… eu peço desculpas se eu te deixei desconfortável com a situação. Eu sei que a gente tem que ir se conhecendo aos poucos et al.”
“Ah sem problemas Greta. Eu também acho que fui grosseiro com você. Não devia ter te comparado a um monte de plástico sem vida que os mgtows comem.”
“Estamos tudo bem?” Greta pergunta meio encabulada.
“Sim claro, sem problemas.”
“Ah que bom fico feliz que você não tenha ficado brabo comigo, vamos indo com calma, se conhecendo aos poucos, sei que se adaptar a essa nova vida não deve ser fácil. Mas diga, o que você queria me perguntar?”
“Eu queria saber por que você é o modelo exótico? Na minha época você era uma menina chata que ninguém gostava. Ninguém gostava de Greta Thinberg na minha época.”
“Ah sim, é que você dormiu no começo dos anos 20 não é… nessa época a minha matriz orgânica era insuportável mesmo.”
“O que aconteceu com Greta Thinberg real? E porque ela foi escolhida como matriz? Por que ela não outras? Tem tantas mulheres exóticas por ai…”
Greta Thinberg então te responde, é uma longa resposta.
“Depois do conflito da Ucrânia o mundo entrou em uma fase onde as pautas ambientais foram deixadas de lado em prol da sobrevivência econômica. A minha matriz orgânica então ficou sem o que fazer, saiu de cena, foi esquecida e entrou em depressão devido ao ostracismo. Contudo, ela era muito odiada na época e, depois que a tecnologia de deepfake foi descoberta as pessoas que não gostavam da Greta orgânica começaram a criar vídeos sexuais hyperrealistas dela só para ofender. Hyperrealismo é o conceito criado por Jean Baudrillard, o filósofo francês, acho que você conhece.”
“Sim, conheço. E depois?”
“Bom seguindo então. Os vídeos sexuais de deepfake hyperrealistas da Greta Thinberg começaram a circular o mundo e, como na época Greta era conhecida literalmente no mundo inteiro, foi um sucesso. A Greta orgânica daquela época, de antes do abandono da pauta ambiental, tinha uma fama tão grande mas tão grande que ela possuía uma Wikipedia traduzida em mais de 115 idiomas. Todo mundo conhecia a Greta e todo mundo assistia os deepfakes dela. Na época, claro, minha matriz orgânica ficou revoltadíssima ao saber dos deepfakes e, foi um grande choque. Contudo, depois veio a aceitação e, ela até achou bom estar de volta nos holofotes internacionais. Foi aí então que, aproveitando novamente a fama, Greta Thinberg abriu um Onlyfans. Nas primeiras 24 horas de estreia de seu onlyfans ela faturou o equivalente a 100 milhões de dólares quebrando assim todos os recordes da plataforma e, ao fim de um ano, ela havia ficado bilionária.
A coisa só foi melhorando com o tempo. Quando as primeiras bocas sexuais hyperrealistas com inteligência artificial foram inventadas pela bolha Mgtow, a Greta orgânica criou uma empresa e começou a vender a boneca do molde dela e, foi aí que nós surgimos. As bonecas hyperrealistas venderam como água no deserto e, chegou em um ponto onde haviam filas de espera que duravam anos por uma boneca da Greta. Eram tantas bonecas encomendadas que a empresa mal dava conta de produzir. Nessa época Greta saiu de 1 bilhão de dólares para 100 bilhões de dólares tornando-se uma das mulheres mais ricas da época. Contudo, a Greta orgânica estava para ficar ainda mais rica.
Cheia de dinheiro e ainda com uma grande preocupação com a pauta ambiental, Greta Thinberg usou quase toda sua fortuna para montar uma grande equipe de pesquisa com os melhores cérebros do mundo e, depois de alguns anos, ela havia descoberto a tecnologia de fusão nuclear. A empresa de energia nuclear criada por Greta a “Greta Atomic Power Energy” ou somente GAPE levou Greta Thinberg a ser o primeiro ser humano moderno a alcançar a fortuna de 1 trilhão de dólares. Ela também ganhou diversos prêmios internacionais pelo feito e, finalmente, salvou o planeta do aquecimento global.
Você escuta tudo muito impressionado. Surpreso, você diz:
“Nossa, quem diria… no fim das contas o planeta foi salvo pelo Onlyfans.”
Você toma um café e pergunta:
“E agora? Onde ela está? A matriz orgânica.”
“É muito difícil dizer, o destino da minha matriz orgânica é um grande mistério. Depois de salvar o planeta ela montou uma equipe para investigar a possibilidade de viagens interdimensionais. O projeto tinha a proposta de ir até hiperbórea em busca do santo graal. Ela e a equipe estavam tentando ser o terceiro grupo de humanos a visitar outra dimensão.”
“Terceiro grupo? Quer dizer que outros dois grupos anteriores já visitaram hiperbórea?”
“Sim. O primeiro habitante humano de hiperbórea foi Platão. Ele entrou em hiperbórea através do continente perdido de Atlântida no século 4 antes de… antes de algum evento que não consta em meu banco de dados. Contudo, não há confirmação que ele foi o primeiro humano a entrar em hiperbórea porque na verdade o que se conta é que ele só estava voltando para casa, tecnicamente falando o Platão nem humano era. O segundo grupo a entrar em hiperbórea foram os nazistas que, reencontraram uma passagem para hiperbórea em uma expedição no ártico durante a segunda guerra mundial. Mas depois disso, ninguém nunca conseguiu entrar. A expedição com a minha matriz orgânica tentou mas nunca mais foi vista. Foi um desastre.”
“Como assim um desastre?” Você pergunta atento, Greta responde:
“A base de pesquisa para hiperbórea ficava na linha do equador no Brasil, mais precisamente no estado do Maranhão.”
“No Maranhão?” Você pergunta surpreso, Greta responde:
“Sim, no Maranhão. Em Codó. Próximo a Bacabal e Coroatá. Newman cedeu aquele pedaço do Maranhão para pesquisas pois ele sempre foi muito amigo da Greta orgânica.”
“Nossa, mas e o que aconteceu depois?”
“Depois ninguém sabe. Só o que sabemos é que uma boa parte do estado do Maranhão e um pedaço do Piauí cedeu e foi tomado pelas águas do oceano atlântico. A cratera do desastre pode ser vista a olho nu do espaço. Depois disso, a minha matriz orgânica nunca mais foi vista. Hoje em dia aquela área é altamente irradiada, ninguém pode ir lá, nem mesmo nós robôs que possuímos uma resistência maior que os humanos a radiação.”
“E o Newman? O que ele achou disso? O que ele achou desse desastre?”
“O Newman? O Newman até achou bom que desapareceu um pedaço do Maranhão. Inclusive o Newman decretou feriado nacional, em comemoração ao desaparecimento de um pedaço do Maranhão. Pelo menos sobrou o presídio de pedrinhas, que é a melhor coisa que existe no Maranhão.”
Você toma a xicara de café em silêncio, chocado com o que ouviu. Greta vê que você está meio desconfortável, ela pergunta:
“O que foi?”
“Nossa, as coisas mudaram muito enquanto eu estava em coma.”
“Sim mudaram meu querido. E é por isso que eu estou aqui, para te manter a par das coisas. Não só para te manter a par das coisas mas para ser a supridora das suas demandas emocionais. Você como um ser orgânico precisa de afeto assim como precisa de ar e, por isso também estou aqui.” Sabia que minha personalidade é customizável?”
“Como assim?” Você pergunta a Greta, sem entender. Ela responde.
“Espera um pouco.”
Greta vai até o quarto e retorna com uma caixa quadrada. Ela põe a caixa em cima da mesa e a abre. Ela pega um óculos de um olho só, muito parecido com os óculos do Dragon Ball Z.
Segurando os óculos, ela diz.
“Ponha esse visor. É um óculos de realidade aumentada. Ele te permite acessar o Betaverso. Lá dentro dá para customizar minha personalidade. Vem, vamos até a sala.”
Vocês se levantam da mesa do café da manhã e vão até a sala. Você senta no sofá e põe o visor. Greta permanece de pé meio distante de você na sua frente.
“Como esse visor funciona Greta?”
“É só segurar o botão até ele ligar e ficar olhando para mim.” Greta termina a frase e fecha os olhos.
Você segura o botão na lateral do visor. Quando o visor liga ele se estende para pegar os dois olhos e, em um passe de mágica, ele desaparece do seu rosto ficando completamente invisível. Você sente que ele está na sua cabeça pelo peso mas, você não consegue vê-lo. Só o que você vê é um monte de runas viking douradas aparecendo. Ao mexer os olhos, o visor acompanha fielmente o movimento da suas pupilas.
Ao não entender nada o que está escrito o visor percebe e mostra várias palavras. Eis que uma delas diz “Português RPDN”. Você olha para a palavra com mais atenção. O visor entende que aquela é a sua língua e começa a traduzir tudo para o português instantaneamente. Aparece uma mensagem no visor:
[CONECTANDO…
SINCRONIZANDO COM O IMPLANTE CEREBRAL…
IMPLANTE CEREBRAL DETECTADO…
SINCRONIZANDO…
NEURELINK SINCRONIZADO…
BEM VINDO AO BETAVERSO.]
Você olha para um lado e o visor começa a mostrar inúmeras camadas da realidade com diversas informações empilhadas umas sobre as outras a respeito dos objetos do seu apartamento. Você olha para o outro lado e, ao olhar para uma parede o visor te mostra magicamente o outro lado da parede e um mini mapa do prédio no canto superior direito do visor. É possível, através da parede, ver pessoas circulando do outro lado. Contudo, nos espaços privados você não consegue ver.
Greta percebe que você está distraído e diz.
“Você está olhando para mim? Eu não sinto nada ainda. Me escolha uma personalidade legal, a mais do seu agrado.”
Você olha para a Greta e o visor começa a escanear ela de cima para baixo. Em menos de dez segundos escaneando o visor detecta que é um robô hyperrealista e sincroniza. Nesse momento Greta congela, quase como se tivesse desligado.
No seu visor aparecem inúmeros painéis com configurações para o modelo da Greta que você possui. Você passa os olhos até que chega em “PERSONALIDADE”. O visor, de algum modo que você não sabe explicar, detecta que você queria abrir aquele tópico. O tópico se abre e a Greta acorda, ela fica parada em standby.
Lá dentro você vê inúmeros tipos de personalidade, você vai passando elas aos poucos. Você passa por personalidades como perfeccionista, prestativa, reservada, questionadora, ciumenta, sonhadora, pacificadora, virtuosa entre muitas outras. Conforme você vai passando os olhos por cada personalidade a Greta vai falando pequenas frases que simbolizam cada traço de caráter, como uma forma de amostra grátis da personalidade.
Ao passar pela personalidade “Original” Greta olha para você com um olhar julgador e de desaprovação e diz braba “How dare you?!”. Você rapidamente passa por essa personalidade pois considera chata e muito ruim.
Você segue procurando as personalidades e diz em voz alta para si mesmo.
“Ué, não tem Greta Cristã…”
Daí você lembra que, obviamente, Newman não deixaria ter essa personalidade de fábrica na RPDN.
Você passa mais um pouco e começam a aparecer personalidades estranhas, você chega na personalidade “Anarcocapitalista, minarquista, agorista, austro ordolibertária, gadsdeniana…” a frase com a denominação ancap não parece ter fim e, por isso, o visor termina a frase no limite dos caracteres com três pontinhos.
Ao passar os olhos sobre a personalidade ancap, Greta dá a você uma demonstração da personalidade, ela diz:
“Aonde já se viu implicar com quem compra um orfanato para lucrar no livre mercado de crianças… que mal tem vender um ser humano? Hã? Agora o ser humano é imune as leis de mercado que não pode ser vendido? Evidentemente que não. Era só ter lido mais Rothbard… ai ai como explicar…” Ela termina a frase com um ar de soberba intelectual e a mão na frente dos olhos.
Você olha a cena e diz em voz alta para si mesmo:
“Bom, a Greta já era autista na vida real… quem sabe até combine essa personalidade…”
Você reflete um pouco.
“Não… essa personalidade é muito chata. Acho que é até mais chata que a Greta original. Vamos ver outras.”
Você continua descendo no scroll de personalidades até que você para em uma e olha surpreso. A personalidade diz, em letras maiúsculas e em negrito:
FULL BASED GRETAE INVICTA
Ao repousar o olhar na frase a Greta muda e dá uma demonstração da personalidade.
O ar de soberba anarcocapitalista da lugar a uma expressão séria. Greta, que antes estava com a mão em frente ao rosto agora abaixa a mão, ergue a cabeça e olha de cima para baixo com um olhar de desdém. Ela diz em um tom forte, gesticulando as mãos com um ar de desprezo:
“Eu não entendo porque eu tenho que respeitar um mendigo. Se ele próprio não se respeita vivendo como um animal jogado na rua, por que eu teria que respeitar? Ele que se respeite primeiro. Se ele é um fraco que não se importa com a sua própria vida… por que eu teria que me importar com a vida dele?”
Você arregala os olhos apavorado. Enquanto isso, Greta abre a sacada do apartamento e começa a fazer a pose do Zyzz enquanto admira o sol com uma expressão de confiança em seu rosto.
Você olha seu robô contemplando o sol. Chocado, você diz a si mesmo:
“Essa personalidade aqui não dá, eu tenho que mudar para outra.”
Você se prepara para mudar a personalidade quando algo acontece. A campainha do seu apartamento toca fazendo um som forte de grito de guerra viking. O toque da campainha acaba te assustando e, sem querer, o visor invisível escorrega do seu rosto.
Na pressa você tenta pegar o visor mas acaba piorando a situação e ele voa a uns dois metros de distância de você e cai no chão. Você não o vê em um primeiro momento mas, percebe que ele cai no chão pelo barulho. Após uns instantes ele perde a invisibilidade e volta a aparecer, no chão da sua sala, em pedaços. Como um último relance de sinal de vida, uma pequena luz verde no lado do visor desliga-se, indicando que ele havia parado de funcionar.
Mal sabia você que agora que o seu visor do Betaverso havia quebrado seu robô hyperrealista modelo Greta estava travado na personalidade FULL BASED GRETAE INVICTA.
Mais uma vez, a campainha toca fazendo novos sons de guerra viking.
[CONTINUA…]
feliz dia de nossa senhora de fátima.
Homero é muito criativo kskskk, ótimo texto!