Há boas razões para crer que, provavelmente, Donald Trump vencerá as eleições nos EUA no final do ano de 2024. Ainda que pareça bastante certa a vitória, o futuro a Deus pertence e, muita coisa pode acontecer. Donald Trump pode ser inclusive churrascado pelo sistema assim como aconteceu com John F. Kennedy em 1963.
A vitória de Trump representará talvez o golpe final contra a antiga elite que governava os Estados Unidos. O antigo modelo de governança americana tende agora a ser substituído de forma definitiva pelo novo modelo representado por Trump. Esse novo modelo é uma adaptação do sistema americano para os novos tempos da humanidade que estão por vir.
Todo governo, conta Gaetano Mosca no livro The Ruling Class, necessita de uma fórmula política. A fórmula política é um modo de governar, é um conjunto de crenças que justificam ou legitimam o poder de um grupo dominante sobre o povo que ele governa.
A fórmula política americana, do período do liberalismo do fim da história, apontado por Francis Fukuyama, aparenta não funcionar mais. Diante disso, necessita-se mudar a fórmula política americana para uma fórmula mais adaptada a nova realidade do mundo. Na nossa análise, o grupo liderado por Trump/Musk/TuckerCarlson é justamente isso: uma nova fórmula política. Eles são uma reconfiguração de elites para adaptar os EUA a nova ordem mundial.
A velha elite do partido democrata americano até que tentou mas, diante da atual conjuntura mundial, não parece ser possível para eles uma volta ao poder sem que eles façam grandes mudanças - sem que eles deixem de ser aquilo que eles são hoje. Tudo leva a crer que a elite americana do partido democrata está passando pelo fenômeno de elite replacement descrito por Vilfredo Pareto e eles serão, aos poucos, movidos para o cemitério das elites.
A nova elite americana, ao ocupar o espaço da elite antiga, molda o mundo ocidental a sua imagem e semelhança. É precisamente por isso que a Europa está passando nesse momento por uma grande transformação política, onde o mecanismo de controle central da União Europeia (velha ordem) perde força e dá espaço a um modo de vida europeu mais descentralizado e nacionalista (nova ordem).
Esse processo de substituição de elites não ocorre de uma hora para outra, ele ocorre aos poucos e vem ocorrendo já ao longo de toda a última década no mundo ocidental. Observamos aqui que, se tudo continuar seguindo essa tendência, a elite antiga desaparecerá nos próximos anos. Claro que muita coisa pode acontecer, inclusive uma terceira guerra mundial. Mas, a tendência é essa. Se tudo se mantiver na normalidade, o mundo ocidental tende a uma nova ordem para os novos tempos. Isso não significa que será o fim do ocidente, será mais uma modificação do ocidente para se adaptar as novas realidades do mundo.
Mas danem-se os gringos, vamos ao que importa: e o Brasil?
Na nossa análise o atual presidente do Brasil e o atual sistema de governo brasileiro foi determinado ao Brasil por essa velha ordem. Não é possível, no presente momento histórico, explicar como isso foi feito, uma vez que nossa explicação teria que passar pelo assunto do sistema eleitoral brasileiro. Esse assunto, no atual momento histórico, é um tabu passível de sanções legais. Devemos então, por prudência, não entrar em detalhes sobre essa questão.
O que vale a pena dizer é que o atual governo brasileiro dependia (e depende) da velha ordem para existir. O atual governo do Brasil depende um OK internacional americano para continuar existindo, um OK dos democratas. O que acontece se essa velha ordem cair? (está caindo). O que acontece é que fica muito difícil a sustentação do atual governo do Brasil.
Pensamos por isso que ficará praticamente impossível a sustentação do governo Lula nos próximos anos. Existe a ele a alternativa de buscar sustentação através da Rússia e da China mas, não cremos que essa alternativa seja viável. Por mais que exista uma convergência ideológica entre a atual administração brasileira com o bloco Russo/Chinês não parece ser possível ao Brasil abandonar o ocidente. A não ser, claro, que um grande golpe seja dado com apoio militar brasileiro, russo e chinês. Mas sejamos realistas, isso não irá acontecer. Principalmente pelo fato de que o setor militar brasileiro não aparenta disposições para dar golpes de estado.
A realidade do governo Lula é bastante difícil. Uma grande parte dos apoiadores internacionais do seu governo no ocidente ou estão para cair ou já caíram.
Diante de toda essa mudança de conjuntura ocidental, tudo leva a crer que o governo Lula não resistirá muito mais tempo no poder e, uma volta do bolsonarismo parece algo cada vez mais real no horizonte. Se não Bolsonaro, algum poste dele qualquer.
Disso se segue que o Brasil irá prosperar? Que com uma volta do Bolsonarismo o Brasil seguirá rumo ao sucesso? Segundo nossa análise não se o bolsonarismo se mantiver como está.
Sendo bem direto ao ponto: os Estados Unidos mudaram a fórmula política para uma fórmula mais protecionista e nacionalista. A Europa está também virando para o protecionismo e o nacionalismo. O mundo está passando gradualmente por um lento e contínuo processo de desglobalização. Diante disso, o Brasil precisa se adaptar a essa nova realidade o mais rapidamente possível.
Assim como os EUA e a Europa estão entrando em uma nova configuração, voltada ao protecionismo e ao nacionalismo, o Brasil precisa também mudar sua fórmula política o mais rapidamente possível para se adaptar a essa nova realidade. Quanto mais o Brasil demorar para mudar sua fórmula política mais ele vai estar atrás na corrida pela prosperidade.
Nesse sentido, o bolsonarismo precisa modificar-se para uma perspectiva menos liberal e mais nacionalista assim como os EUA e a Europa estão fazendo. O que acontece se o bolsonarismo se mantiver liberal? Estaremos usando uma solução que funcionou no passado e que não funciona mais agora e, desse modo, ficaremos para trás na disputa.
Do mesmo modo que um carro com pneus lisos necessita trocar os pneus para se adaptar a uma pista com lama, o bolsonarismo precisa se adaptar também e trocar o liberalismo de fim da história pelo nacionalismo para enfrentarmos a lama da nova ordem mundial. Caso contrário entraremos em uma era de patinar na lama, assim como está fazendo a Argentina nesse momento com Javier Milei.
É importante dizer que os países ocidentais farão um grande esforço para que o Brasil continue a corrida com os pneus antigos. Isso porque é importante para eles que o Brasil continue a patinar na lama para que o Brasil não consiga passá-los nunca.
Sendo bem claro: não haverá incentivo por parte dos países ocidentais aliados do bolsonarismo para que o bolsonarismo deixe de ser liberal, muito pelo contrário, será feito um grande esforço internacional para que Bolsonaro continue liberal. Entretanto é preciso ao bolsonarismo a compreensão de que o progresso do Brasil depende justamente disso, de que se abandone o liberalismo pois ele já não é mais capaz de dar soluções para os novos problemas da pós modernidade, assim como podia no passado. Mesmo que o nosso discurso seja liberal, não devemos ser completamente liberais. Devemos desenvolver, se preciso, um liberalismo para inglês ver, nosso futuro como civilização depende disso.
A virada nacionalista necessária talvez não seja algo assim tão difícil ao bolsonarismo uma vez que Bolsonaro, veja só, já era assim no passado. Ele era assim naquela época que ele era um zé ninguém amigo de Enéas Carneiro, do Prona.
No nosso entendimento o bolsonarismo se divide em duas fases. A primeira fase é a fase antiga, mais alinhada com os valores da direita tradicional brasileira (Nacionalismo/Intervencionismo/Estado Forte) enquanto que a segunda fase é a fase da nova direita brasileira, da direita revolucionária brasileira (Liberalismo/Lessez-Faire/Estado Mínimo).
Cabe ao Bolsonarismo adaptar-se ao novo mundo e, isso será feito dando alguns passos para trás. É preciso que se negue em partes a nova direita e se assimile junto dentro do bolsonarismo a direita tradicionalista. Claro que, é utópico pensar que o bolsonarismo em 2026 virará full based antiliberal cesarista de uma hora para outra mas, uma pequena e gradual virada nacionalista é possível.
Não só é possível como é necessária. Pensemos: o que acontecerá se Bolsonaro voltar ao poder com a mesma agenda de 2018? O que acontecerá se Bolsonaro voltar em 2026 com o discurso de “bibibibibi mais Brasil menos brasília”, “bibibibibi um bom governo é um governo que não governa” “bibibibi Weintraub, Ernesto Araújo, Olavo tem razão.”?
Bom, em primeiro lugar, teremos um governo extremamente cringe, bluepill, mangina, sojado, de liberais bunda mole. Mas o mais grave não é isso.
O mais grave é que teremos um governo que não estará adaptado aos ventos do novo mundo. Voltando a analogia do carro, teremos um carro com pneus comuns em uma estrada de lama. Se o Brasil tiver um governo assim nosso país ficará fraco de 2026 até 2030 e, será só uma questão de tempo até a esquerda tomar o poder novamente no Brasil. No nosso entendimento a sobrevivência da direita como um todo no Brasil depende de uma virada nacionalista. Não é algo opcional, é algo necessário a ser feito. Se não for feito pela direita, será feito pela esquerda.
Ademais, saindo um pouco da dicotomia entre esquerda e direita, nessa nova organização mundial o Brasil precisa manter o máximo possível de neutralidade. O pior cenário de todos em nosso entendimento é o Brasil se alinhar automaticamente (ideologicamente) com um dos dois lados do conflito. De um lado temos o bloco da OTAN e do outro o bloco sinosoviético.
Um alinhamento com qualquer lado fará o lado que estamos alinhado não se importar mais conosco (pois já estamos alinhados) e fará o outro lado hostil a nós (pois seremos vistos como inimigos) e, essa situação é muito ruim ao Brasil. É preciso que, nesse novo mundo, o Brasil seja eternamente um país em disputa e nunca um país dominado. Se o Brasil estiver sempre em disputa será para nós possível ter um mínimo nível de independência uma vez que é bem possível que nenhum dos blocos faça um ataque direito ao Brasil por medo do Brasil virar para o outro lado. Do mesmo modo, é possível ao Brasil conseguir benesses dos dois lados através desse mesmo mecanismo. Transformemos isso em uma equação:
Brasil + escolher um lado = perdeu.
[Em caso de terceira guerra mundial (de atrito convencional) essa neutralidade deve ser abandonada em prol de escolher o lado vencedor, como foi feito na segunda guerra mundial durante a era Vargas.]
Por fim, eis um resumo de tudo o que foi dito:
Acreditamos que o bolsonarismo voltará em 2026, com ou sem Bolsonaro.
É preciso de um novo bolsonarismo (NACIONAL BOLSONARISMO) mais adaptado a nova configuração mundial.
Se o nacionalismo não vier por parte do Bolsonaro, virá pela esquerda, que inevitavelmente voltará ao poder.
Independentemente de quem ganhar, o Brasil precisa permanecer em disputa e nunca alinhado (salvo guerra mundial convencional).
Pode o Bolsonaro dar esse passo para trás? Não só pode, mas ele tem como dar esse passo para trás? O que irá acontecer? Só o tempo irá dizer.
"Nossa análise", "nosso entendimento" esse é o meu comand... Ops🤭, Homero e suas análises filosóficas feitas por profissionais kkkkkkkkkkkkkkkkk
Estava pensando em algo similar. Pensando no lado da elite, talvez nossa natureza de bostil dê alguma vantagem sobre os EUA. Nossas leis "fluídas" dão espaço para a elite simplesmente impedir os revolucionários de ter ação: "Ah o Biroliro vai se candidatar?" -Barre sua candidatura! "Ah! O 1mero escreveu um artigo que questiona a nossa legitimidade?" -Censure ele. Já os EUA são lentos nesse processo, demoraram um monte para tentar barrar a candidatura do Trump, e suas leis liberais são muito dogmáticas para simplesmente cancelar.