[DISCLAIMER: O presente artigo tem como único objetivo analisar os impactos da vitória de Donald Trump no Brasil. Esse artigo não passa de um mero exercício intelectual que não tem como objetivo derrubar o estado democrático de direito e atentar contra as instituições brasileiras. O canal 1 Mero Podcast acredita na lisura do processo eleitoral e confia plenamente no sistema de urnas eletrônicas. Repudiamos qualquer ataque de qualquer forma que seja ao governo da alma mais honesta da história do Brasil.]
No presente artigo falaremos mais sobre um assunto que já falamos bastante aqui nesse substack, que é a questão Donald Trump e o impacto que ela pode ter no Brasil. Donald Trump venceu, é oficial, o que podemos esperar com relação ao nosso amado Lindil?
O impacto da vitória de trump no bolsonarismo
Recentemente aqui nesse substack comentamos sobre a vitória da direita brasileira nas eleições municipais, se comparada com a esquerda. E, naquele post, mostramos que a aparência de poder é uma forma de poder. Também naquele post mostramos que essa aparência de poder, demonstrada pela direita, reduziu bastante as chances de Bolsonaro ser preso o que acabou por um dar um certo respiro a direita nacional. O resultado das eleições municipais reduziu a chance de Bolsonaro ser preso de média (uns 50%) para baixa (uns 25%).
Agora, com a vitória de Trump nas eleições americanas, é possível dizer que as chances do Bolsonaro ser preso caíram para praticamente zero. Acreditamos que as chances caíram de baixo (uns 25%) para muito baixo ou inexistente (1%). Em outras palavras: a janela de oportunidades para a prisão de Bolsonaro aparentemente se fechou e, dificilmente, ela reabrirá tão cedo.
[Nota Mental: comentar sobre o suposto golpe que foi arquitetado pelos militares na versão em vídeo desse artigo e como isso pode aumentar a chance de Bolsonaro ser preso.]
A direita começa a ganhar força novamente e, o final do ano de 2024, parece ser o ano onde a direita brasileira começa lentamente a obter algum momentum necessário para se reerguer da derrota de 2022 e retornar ao poder em 2026. Claro que o futuro é incerto e, uma previsão de longo prazo assim, é bastante difícil de ser feita. Contudo, recentemente aqui no canal, acertamos a previsão de que Trump venceria em 2024, previsão essa feita em agosto de 2023, com mais de um ano de antecedência. Até onde sabemos ninguém viu a vitória de Trump com tanta antecedência quanto nós.
Apontamos hoje (11/2024) para uma tendência de possível vitória da direita bolsonarista em 2026. Isso porque a esquerda hoje parece desorientada e sem meios de ação para dar qualquer tipo de resposta que impeça a sua tendência de declínio. A única coisa que eles podem tentar fazer para impedir a vitória do bolsonarismo é uma nova tentativa de assassinato de Jair Bolsonaro. Mas eles não parecem capazes de fazer isso. E, mesmo que consigam, ainda tem os filhos dele para herdar o legado.
A esquerda apresenta uma tendência de declínio e a direita apresenta uma tendência de ascensão. Se nada de dramático acontecer para interromper as próximas eleições (como uma guerra mundial), tudo indica que direita retornará ao poder. A vitória de Trump é mais um indicador favorável ao bolsonarismo uma vez que Trump possui uma relação muito boa com figuras da família Bolsonaro, incluindo uma em particular, que falaremos mais a frente.
Contudo, conforme já dissemos, o futuro é incerto mas, se eu tivesse dinheiro para investir em empresas provavelmente eu investiria em empresas que se valorizariam com uma vitória de Bolsonaro. Infelizmente eu sou um filósofo e não tenho dinheiro.
A influência Trumpista no Brasil (no amor)
Com a vitória de Trump decretada fica a pergunta: como isso pode ajudar a direita nacional? Essa é uma pergunta complicada e difícil de ser escrita em tempos onde a liberdade de expressão pode vir a ser entendida como um ato antidemocrático. Cabe aqui uma certa cautela, por isso falaremos de um modo muito geral. Também cabe ressaltar que não estamos conspirando contra o governo e as instituições democráticas. Nosso único objetivo é desenvolver uma ideia de um ponto de vista puramente intelectual sem fins políticos práticos.
Mas enfim.
Talvez o melhor modo possível do governo Trump intervir em prol da direita nacional seja através de sua influência para gerar o aumento do custo político que o centro terá que pagar para continuar com a esquerda. Quanto maior o custo político que eles (o centrão) terão que pagar, maior a possibilidade de eles abandonarem a esquerda e migrarem para uma posição mais confortável, na direita.
É mais ou menos como funciona o mercado financeiro. Um investidor tende a migrar seu dinheiro tendo como como principal parâmetro o risco de perder dinheiro e a oportunidade de ganhar mais dinheiro. Se um investidor vê que a sua atual posição (investimentos feitos) está sob risco ele tende a modificar sua posição para uma posição mais confortável, com menos riscos.
Talvez essa mesma dinâmica possa ser aplicada à classe política nacional do centrão. Um político do centrão tende sempre a se mover para o lado que ele acredita que será vitorioso e, também, tende se mover para longe do lado que ele acredita ser o lado que irá perder. Aqui novamente cabe dizer que a aparência de poder é uma forma de poder. Quanto mais a direita nacional estiver aparentando que irá vencer as eleições mais fácil e tentador será para o centro fazer a migração para a direita.
Assim como os mercados financeiros são influenciados pela dinâmica da possibilidade de ganhar ou perder o “mercado político” é também influenciado pela possibilidade de ganhar ou perder. A diferença é que o “capital investido” do político é seu apoio político enquanto que o capital do investidor financeiro é o dinheiro.
[Observação: um político tende a se comportar assim como um investidor financeiro somente quando ele é fisiológico. Um político ideológico pode manter sua posição mesmo que tudo aponte que ela irá perder, pois ele está comprometido ideologicamente com um lado. Por isso é possível cooptar o apoio de um político fisiológico mediante pressão política enquanto que um político ideológico geralmente não.]
Em resumo: a influência de Trump deveria ser direcionada para gerar um efeito que faça o bolsonarismo parecer que vai ganhar e o lulismo parecer que vai perder. Isso irá gerar um cenário no qual ficará muito mais fácil cooptar nomes do centro para apoiar a direita.
A influência Trumpista no Brasil (hard-power)
Contudo, cabe aqui também discorrer sobre a possibilidade dessa influência trumpista no amor (soft-power) não ser suficiente. Deve-se nesse caso tomar outras atitudes para pressionar o centro a mudar de lado. Contudo, não cabe a nós dizermos que tipos de atitudes deveriam ser tomadas pelo hard-power pois, esse tipo de assunto pode a vir a ser interpretado como uma conspiração contra o estado democrático de direito.
Ainda que nós não falaremos desse assunto por prudência cabe ressaltar aqui que, muito provavelmente, a CIA já deve saber o que fazer caso o soft-power não funcione.
Contudo, por mais que não comentaremos sobre as ações hard-power é importante falar sobre uma delas, as sansões. É preciso deixar claro que a direita nacional deve se posicionar contra qualquer tipo de sansão americana contra o Brasil. Ainda que seja bastante óbvio que sansão não dá em nada além de castigar o povo, isso precisa ser dito pois setores da direita americanista brasileira já propuseram isso no passado. Como é o caso do americanista Paulo Figueiredo.
Deve-se repudiar sansões contra o Brasil por parte dos americanos, sansões essas que serão apoiadas pelos americanistas caso aconteçam e que serão usadas pelos americanos para favorecer os EUA em detrimento do Brasil. Existem outros meios além das sansões que podem ser usados.
Os próximos passos com apoio de Trump
O apoio do trumpismo a direita nacional não deve se restringir somente a pressões direcionadas ao centro. Ele deve também ser usado para tentar reverter a inelegibilidade de Bolsonaro junto as cortes superiores. É bastante claro que existe ““supostamente”” uma influência da política americana na suprema corte brasileira e, em especial, existe uma influência também ““supostamente”” do setor financeiro na suprema corte. Por razões de prudência não cabe aqui dizer nomes, mas o canal de contato EUA-BR deve sinalizar aos ministros de que Bolsonaro é o nome da vez e que a inelegibilidade deve (must) ser revertida.
Todavia é preciso que a direita nacional tenha um plano B caso a inelegibilidade não possa ser revertida. Eu, particularmente, acredito que ela pode ser revertida mas é necessário pensar na possibilidade de ela não ser. O que se deve fazer nesse caso? Nesse caso deve-se escolher outro candidato. O nome ideal parece ser o nome de Eduardo Bolsonaro. Cabe aqui analisar os pontos prós e contra o nome dele.
Vamos começar primeiro falando os pontos pontos positivos.
Lealdade. Eduardo Bolsonaro não tem histórico de trairagem ao Bolsonarismo, o que é algo muito importante. Claro que isso muito tem a ver com o fato de que ele é filho do Bolsonaro, mas ainda assim esse é um ponto positivo.
É conhecido lá fora. Eduardo Bolsonaro tem feito nos últimos anos um bom trabalho de articulação com as direitas internacionais. Em especial ele é muito bem visto pela equipe de Trump.
É conhecido aqui dentro. Eduardo Bolsonaro é conhecido no Brasil inteiro e não terá muitas dificuldade de migração de votos do pai dele para ele. [OBS: O Lulismo enfrenta um problema grave de migração de votos, coisa que não ocorre no Bolsonarismo uma vez que o Bolsonarismo é uma quase uma dinastia.]
Facilidade de recuo. Eduardo Bolsonaro conseguirá facilmente recuar e desistir de sua candidatura caso a inelegibilidade de seu pai seja revertida na última hora. Outros candidatos, como, por exemplo, o candidato Tarcísio de Freitas, que talvez não recuassem.
Agora vejamos os pontos negativos:
Imaturidade. Eduardo Bolsonaro é um político bastante jovem (40 anos) e isso é um problema. É muito arriscado colocar alguém tão novo em um cargo tão importante. Pessoas novas tendem a ser menos experientes e muito influenciadas por figuras que nem sempre querem o bem do Brasil. Ainda que ele ainda tenha seu pai para ajudar é bastante arriscado. O ideal de um presidente é que ele seja homem e velho.
Temperamento. Eduardo Bolsonaro possui um temperamento difícil e muitas vezes explosivo. Em muitos casos é até pior que o pai nesse quesito. Um líder politico deve ter um temperamento mais calmo pois assim ele cai em menos armadilhas das raposas (no sentido maquiavélico do termo).
Meio cringe. As vezes o Eduardo Bolsonaro é meio cringe. Lembra daquela presepada com o pendrive dos patriotas? Ou então aquela história de virar hamburguer no maine? Ainda que seja engraçado, isso não é uma postura presidencial. Inclusive muito recentemente ele gravou com Jordan Peterson, o que é algo extremamente cringe, bluepill e intankável. Mas fazer o que.
Felizmente para Eduardo Bolsonaro os pontos negativos dele podem ser todos reduzidos, mediante a uma assessoria qualificada. Será que ele tem essa assessoria? Nos últimos meses parece que Eduardo tem tido posturas mais adultas e responsáveis então parece que há aí uma evolução. Me pergunto se ele tem alguma assessoria ajudando com esses problemas. Talvez seja o próprio pai dele que esteja ajudando, sei lá. Nós não temos nenhum contato com esse núcleo mais fechado do bolsonarismo então ficamos aqui no reino da especulação.
De um modo geral Eduardo Bolsonaro talvez seja o melhor nome caso o JB não possa concorrer. Entendemos que está longe de ser o nome ideal, isso é verdade. Não é um “meu Deus do céu que candidato bom”, mas é o melhor nome que conseguimos ver nesse momento. Você tem alguma sugestão de nome melhor?
Um possível reação do sistema?
Uma questão que tem sido também analisada aqui nesse substack são os preparativos por parte do sistema que controla o Brasil para uma reação a uma vitória de Donald Trump.
Recapitulando brevemente. Existe um tripé de governo composto por 1 - O PT e associados, 2 - O partido democrata americano (grupo Globo e associados) e 3 - O centrão (Big Alex e associados).
Esse tripé é composto por pessoas muito inteligentes e muito bem assessoradas que não devem ser vistas como amadoras. Disso não quer dizer que esse tripé não cometa erros, mas a chance de eles cometerem erros é baixa.
Ora, se eles não costumam cometer erros então é bastante razoável supor que um plano de resposta a Trump foi arquitetado e será executado caso venham os ataques internacionais trumpistas. Nós acreditamos que há um plano de contenção que provavelmente está sendo pensado há meses por parte desse tripé.
Uma das razões pela qual eu penso que esse plano existe é porque se eu estivesse na situação deles eu faria isso.
Mas que plano é esse? Será que esse plano vai ser suficiente para ir contra Trump? É muito difícil saber até que o plano seja executado. Recentemente o youtuber Gordão Ucrânia apontou para uma possível modulação jurídica do marco civil da internet por parte do supremo, com o intuito de “regular redes sociais”. Essa pode ser uma alternativa, mas talvez não seja a melhor.
O que eu faria?
Se eu trabalhasse para o tripé de governança brasileiro provavelmente eu teria um plano envolvendo sansões americanas. Se eu trabalhasse para essa gente provavelmente eu adoraria que o governo americano sancionasse o Brasil. Isso porque, como todos sabem, uma crise política é sempre uma boa oportunidade de empurrar uma agenda política para frente. Uma sansão americana poderia resultar em uma oportunidade de criar uma narrativa de interferência americana antidemocrática no Brasil, o que pode ser usado para pressionar as forças armadas do Brasil para que elas se inclinem mais para o lado que atualmente controla o país. Foi assim que o regime de Nicolas Maduro consolidou em volta de si mesmo o apoio das forças armadas venezuelanas, necessárias para fechar o regime.
Pode ser que exista um plano que leve as possíveis sansões em consideração, para usá-las para empurrar ainda mais os mecanismos de consolidação de controle sob o país inclusive através do controle de redes sociais. Toda crise é sinônimo de oportunidades, algumas boas para nós brasileiros, algumas não.
Ou será que os EUA possuem um nível de controle muito maior do que pensamos sob o Brasil e nenhum plano será capaz de frear o colapso do atual sistema? Será que os EUA irão colocar as forças armadas do Brasil no bolso novamente? Só o tempo irá dizer.
O que você faria se você controlasse o Brasil hoje? Se você fosse parte desse sistema?
Um questão paralela, mas importante.
Aqui falaremos sobre uma questão não muito relacionada ao trumpismo, mas que aconteceu essa semana e é digna de nota pois talvez seja um evento ponto de virada. Finalmente, desde de 2010, a esquerda nacional conseguiu levantar uma pauta que angaria apoio popular, que é pauta contra a escala 6x1.
Isso é (pelo menos deveria ser) muito preocupante para a direita nacional, pois é uma sinalização de que a esquerda nacional está mudando culturalmente para uma pauta mais trabalhista. Isso é um problema para a direita nacional pois a direita brasileira é, em sua maioria, formada por liberais bunda mole que não trabalham, que são materialistas dinheiristas e que não se importam com o pobre. Essas pessoas da direita brasileira não tem a capacidade de dar uma resposta a altura para o trabalhador, o que coloca a direita, pela primeira vez em muitos anos, em uma posição de desvantagem na guerra cultural.
Essa desvantagem da direita com relação a esquerda não acontecia desde 2013 e pode ser uma sinalização de inicio de fechamento de janela de oportunidades para a direita nacional. Pode ser que 2024 seja um ponto de virada também fundamental para a esquerda e que lá na frente, daqui alguns anos, eles acertem o passo e caiam novamente nas graças do povo. Por isso, o VAT pode significar o início de um grande problema para a direita nacional.
Outro ponto digno de nota é o caráter orgânico do movimento VAT. Essa organicidade é importante de notar pois isso não é comum na esquerda atual. O VAT surge de um cara (Rick Azevedo) que trabalhava 6x1 em uma farmácia e que não aguentou. Ele não é da classe intelectual da esquerda universitária, nem ligado a esquerda financeirizada, patrocinada por grandes bancos e nem ligado a classe artística da esquerda beautiful people. A organicidade do VAT é um problema.
A direita tem como reagir? Tem. Mas não através de uma perspectiva liberal. A reação pode ser dada através de uma perspectiva religiosa do humanismo cristão. Entretanto essa direita cristã é hoje minoritária se comparada a direita liberal conservadora. Se os liberais continuarem no controle da direita nacional isso pode ser o começo do declínio da direita. Se isso acontecer não será a primeira vez que liberais facilitarão o trabalho de dominação da esquerda.
Eu estou sendo muito alarmista? Muito apocalíptico? Não sei. Mas de qualquer modo seria melhor lidar com esse problema enquanto ele não é tão grande. Assim seria possível estender a janela de oportunidades por mais anos para a direita.
Sansão = Coelho da Mônica, marido da Dalila
Sanção = punição
Se a esquerda abandonar as pautas identitárias , mandar o partido democrata para casa do chapéu e propor um projeto trabalhista nacionalista e de defesa da soberania eu viro esquerdista na hora