Resumo: O fenômeno da esquerda brasileira é um fenômeno complexo e multifacetado. A esquerda brasileira da nossa época caracteriza-se por pelo menos dois axiomas, um positivo e um negativo. No presente texto apontaremos quais são eles e quais os rumos da esquerda nacional que, no nosso entendimento, ruma ao completo colapso.
O que é ser de esquerda
Existem pelo menos dois axiomas que caracterizam a esquerda nacional. Um positivo e um negativo.
O axioma positivo é a ideia de que ser de esquerda é colocar-se a favor do igualitarismo. Essa parece ser a tese defendida por muitos intelectuais de esquerda como, por exemplo, o professor João Cezar de Castro Rocha. Se bem que, no caso de João Cezar de Castro Rocha, parece ser mais uma visão mais equitativista ao invés de igualitarista. Trataremos mais adiante sobre essa diferença conceitual.
O axioma negativo defendido pela esquerda é que ser de esquerda é colocar-se contra o capitalismo. Essa definição, da esquerda como antítese, é apresentada pelo finado intelectual de esquerda Ruy Fausto (1935-2020). O capitalismo, define-se, na visão da esquerda (Marilena Chauí), como um regime que defende a propriedade privada dos meios sociais de produção e, a esse regime o esquerdista deve opor-se.
Dessas duas visões surge a ideia geral da esquerda do que é o fascismo. Na cabeça deles, veja só, o fascismo é uma forma de capitalismo. Isso pois, o fascismo é radicalmente contrario ao igualitarismo (Axioma 1) e também o fascismo defende a propriedade privada dos meios sociais de produção (Axioma 2). Ainda que essa visão da esquerda seja errada pois, é fruto de uma incapacidade teórica esquerdista de analisar o fascismo de uma perspectiva tricotômica, é bastante interessante pois ela explica em muito porque os esquerdistas acreditam que tudo é fascismo.
(Claro que, também, existe a teoria por nós apresentada em vídeo no Youtube de que o fascismo é na verdade o bicho papão da pós modernidade. Ele é o mau metafísico supremo, é uma bússola que indica onde você como sociedade não deve ir. Mas não sejamos repetitivos.)

Cabe a nossa investigação filosófica, nesse momento, buscar entender o colapso total da esquerda brasileira. Como explicar que a esquerda atual difere-se tanto da esquerda antiga?
Identitarismo e o capitalismo
A esquerda hoje é identitária e o identitarismo é, por definição, contra o igualitarismo (axioma 1). Em um sistema identitário a identidade coletiva é substituída por uma identidade individualista onde nem a própria identidade biológica dada pela natureza pode ser levada em conta. Nesse sentido, o identitarismo é a expressão máxima do individualismo iluminista contemporâneo pós moderno. Isso tudo é muito longe da proposta do igualitarismo esquerdista mas, ainda assim, é uma pauta defendida pela esquerda brasileira dos dias de hoje.
Ademais, a esquerda atual está abertamente de braços dados com uma boa parte do sistema financeiro bancário internacional. Isso é contrário ao segundo axioma pois a esquerda atual não é mais contra o capitalismo, é na verdade, um braço dele1. Por razões de prudência não apontaremos nominalmente quem são as pessoas que estão por trás do sistema econômico brasileiro. Isso porque, citar essas pessoas seria citar o elefante na sala mas, saiba que Fernando Haddad não age sozinho, ele segue ordens.
Falemos um pouco sobre a diferença entre igualitarismo e equidade. Essa ideia é comumente apresentada com o seguinte desenho:
Existem múltiplas questões que podem ser levantadas com esse desenho, pensemos algumas delas. Quem vai ter o poder de dividir as caixas? O que nos garante que as caixas serão realmente bem distribuídas? Quem vigia aquele que distribui as caixas para ver se elas estão bem distribuídas? E se a caixa da pessoa maior for uma herança de sua família conquistada com muito trabalho honesto, ainda assim ele deve perder a caixa? A pessoa que não ganhou a caixa (o grande), qual o incentivo ela tem para continuar produzindo caixas? E o baixinho, que incentivo ele tem para produzir caixas se sempre ganhará elas? O que acontece se não tiver caixas para todos?
Enfim, existem inúmeras colocações que podem ser feitas mas uma nos chama bastante a atenção. Quando alguém fala em equidade no fim das contas, essa pessoa ainda está falando em igualdade. No caso do desenho a relação de equidade força a igualdade dos três poderem ver o jogo. No sentido de que a equidade parece ser um meio para a igualdade logo, o objetivo final é a igualdade. Portanto, o equitarista é um igualitarista também.
Essa ideia de equidade está dentro das políticas identitárias da esquerda atual. No nosso entendimento é precisamente por isso que a esquerda acabou defendendo o individualismo, para tentar gerar a igualdade através da equidade. No sentido de que você força uma agenda onde grupos minoritários ganham vantagens em cima dos grupos minoritários em nome de um ideal de todos poderem ter acesso as mesmas condições existenciais. Todos poderem assistir o jogo.
Com relação a esquerda ter aderido ao sistema financeiro internacional a explicação reside no fato de que a esquerda atual moldou-se e, principalmente, curvou-se, ao fenômeno do fim da história. O fim da história é uma crença que surgiu no final da guerra fria que apontava a vitória completa do liberalismo sobre o comunismo e o fascismo. A esquerda aderiu ao capitalismo pois só o que existia nessa época era o capitalismo. Todas as outras opções já não eram mais vistas como opções válidas. Não existia mais comunismo para a esquerda brasileira aderir e, nem que eles quisessem aderir ao fascismo eles conseguiriam pois não existe mais fascismo como fenômeno histórico há muitos anos.
O que estamos querendo mostrar é que as regras do jogo (metagame) era o capitalismo e, o curso natural da esquerda foi seguir com seus ideias de igualdade dentro do capitalismo, dai que vem o fenômeno da equidade e dai que surge o wokismo.
É possível para a esquerda se salvar?
Quais são as opções da esquerda brasileira? É possível salvar a esquerda brasileira? Segundo a nossa análise, não. Para a esquerda brasileira se salvar ela teria que se adaptar a nova ordem mundial e deixar de ser o que é atualmente. Isso não nos parece possível.
Não é possível para a esquerda atual negar o identitarismo (equidade) e nem negar o capitalismo pois essa esquerda atual é uma esquerda que criou-se e existe a partir dele. É quase como se o sistema capitalista fosse um tubo de oxigênio de uma esquerda velha que respira por aparelhos. Não há força na esquerda nacional nem para negar a equidade e nem o capitalismo, só o que resta é o completo colapso que, nosso entendimento, ocorrerá talvez só quando Lula morrer.
Por fim, cabe talvez um último apontamento, que refere-se ao local dialético da esquerda brasileira dentro da pós modernidade. Essa discussão sobre igualitarismo e crítica ao capitalismo tem colocado a esquerda historicamente em uma posição de antítese do capitalismo. Contudo, no atual momento histórico pós-moderno isso não procede. Atualmente o que aparentamos ter é uma síntese na qual a esquerda faz parte pois, veja só, não acabou com o capitalismo mas sim, uniu-se a ele.
O ponto trágico para a esquerda nacional é que inevitavelmente a máquina dialética irá continuar e a síntese torna-se uma nova tese, que será criticada por uma nova antítese. Nesse sentido, o desafio da esquerda nacional é aprender a ser uma tese sendo que ela sempre se propôs a ser uma antítese. Trocando em palavras mais simples: a esquerda, que sempre foi pedra, agora necessita aprender a ser vidraça. Podem eles se manter no poder? Só o tempo irá dizer. O histórico da esquerda nacional mostra que eles possuem uma grande dificuldade em ser vidraça, vide o governo Dilma. Em alguns sistemas políticos como o Venezuelano sim eles conseguiram. Mas, em termos de Brasil a esquerda atual encontra-se em uma posição muito desconfortável e praticamente sem meios de ação. Cabe talvez a esquerda nacional que Lula, ao morrer, desligue os aparelhos.
O outro braço é o “liberal que se diz liberal conservador”, que trataremos em outro artigo
Acho que a esquerda e direita no Brasil vão acabar com a morte de Bolsonaro e Lula, o único candidato a "Novo Bolsonaro" é o Nikolas Ferreira, mais cuck que o próprio Bolsonaro, e o Lula/Zé Dirceu nem tem sucessores.
Depois disso o Maravilhil fica parlamentarista e tudo vira uma relação entre Centrão e Bilionários, o agro BR vai continuar abastecendo EUA e China até ser substituído por Nigéria e Indonésia.
Acredito que esse é o último século do Brasil.
"...existe a teoria por nós apresentada em vídeo no Youtube..."
Nós quem? Você é o único que falou disso kkkkkkkkkkk
Forte abraço nosso professor Homeros 🤗